quinta-feira, 3 de maio de 2012

Apenas Um Acidente

Boa noite !

Neste friozinho de quinta-feira, nada mais gostoso que estar enroladinho e aconchegado com que se ama ! E se possível usufruir de um pouco de leitura ! Então apreciem....








CAPITULO 21



Foi mais um final de semana perfeito, onde podíamos nos amar, sorrir conversar e planejar nosso futuro. Mas como sempre tudo que é bom, dura pouco, a segunda-feira logo chegou e mais uma vez estávamos em nossa rotina diária.

Quando entrei no saguão da faculdade de mãos dadas com Miguel senti alguns olhares sobre nós, ao meu lado senti Miguel ficar tenso e apressar o passo, mas antes de chegarmos ao prédio de arquitetura deparamos com Carol.


- Oi Mi! – ela disse alegremente – E aí Ratinha?

- Vamos Pollyana.


Fique sem entender quando Miguel apenas me puxou tentando desviar de Carol que entrou novamente em nossa frente.


- Nossa Mi, ultimamente você tem estado com tanta pressa – um sorriso perverso cruzou seu semblante – saiu de casa tão apressado que esqueceu isso.


Estendendo as mãos pude ver uma sacola pequena de papelão, como Miguel não reagiu para pegar a sacola eu mesma estendi a mão e a peguei, olhei para Miguel de lado, mas ele olhava fixo para frente, seu maxilar rijo. Lentamente abri a sacola e reconheci a cueca samba canção do Batman, uma que tantas vezes brinquei por ser fofa.

Fechei os olhos com força, rezando para que fosse um engano, mas quando encarei o olhar de Miguel soube que meu pesadelo estava apenas começando.

Senti o mundo se abrindo debaixo dos meus pés, meu coração palpitar com força, minha pele ficando fria e somente as lágrimas quentes descendo pelo meu rosto.
As risadinhas de Carol me tiraram do meu estupor. Soltei a mão de Miguel e me virei para a vadia, que me olhava de forma desdenhosa.

 - O que foi ratinha? O gato come...

Ela não teve chance de terminar sua frase, pois minha mão foi com toda força que pude reunir em direção do seu rosto. O estalo da minha mão contra seu rosto ocasionou um silencio profundo no saguão, minha aliança fez um corte em sua bochecha, o silencio foi quebrado com o grito de fúria que Carol deu.


- Sua vagabunda – ela gritou atirando-se em minha direção, mais foi impedida de se aproximar de mim pela figura de Miguel. – isso não vai ficar assim, você me paga por essa bofetada.

- Estamos mais do que quites Carol.


Após dizer isso dei um último olhar para Miguel que parecia procurar palavras enquanto lágrimas brilhavam em seus olhos. Retirei do meu dedo o símbolo do amor que acreditei e joguei ao chão juntamente com a prova de sua infidelidade. Neste momento senti como se minha alma fosse rasgada ao meio, vi a morte dos meus sonhos, o fim de uma vida que ousei sonhar em ter.

Nada neste lugar fazia algum sentido para mim, fiz a única coisa que poderia, fugir. Corri sem rumo, me esconder era o único propósito.

Em casa não dei explicações apenas tranquei-me em meu quarto, pegando duas malas grandes e jogando-as na cama comecei a pegar as roupas no guarda roupa e gavetas e fui simplesmente jogando dentro de cada uma das malas.

Tinha somente a urgência de sumir, desaparecer, talvez assim não sentisse o coração em meu peito pesado e incomodo, como um órgão desnecessário, um órgão que me trazia apenas dor.

A dor que estava sentindo pela traição de Miguel eclipsava totalmente cada tapa que levei, cada braço ou perna quebrado, cada dia que fui mantida presa, muitas vezes sozinha e faminta apenas esperando o próximo estupro do meu próprio marido.
Sentia meu pranto se intensificar quando bateram na porta do meu quarto.

- Pollyana – a voz de Miguel ecoava por trás da madeira. – Me deixa explicar, por favor.

Recostei-me na porta enquanto as batidas continuavam, varias imagens passavam em minha mente, me fazendo sentir nojo e raiva.

- Pollyana, abre a porta – o tom de desespero em sua voz me machucava – se tu não abrir vou arrombar Pollyana.

- Vai embora... – o esforço de falar machucou minha garganta – por favor.

- Cachos... – através da barreira da porta ouvi o vacilar da sua voz – amor, não é desculpa, sei disso, mas eu estava bêbado, eu imploro, me perdoa.

Levantei-me e abri a porta no momento que Miguel levantava o punho para bater novamente. Olhamo-nos por minutos longos demais, pude observar cada traço perfeito em seu rosto, até mesmo aquela cicatriz no supercílio harmonizava suas feições.

- Polly...

- Não – disse levantando a mão para impedi-lo de continuar.  – Não precisa tentar se explicar, apenas me responda, tu transou com ela?

- Eu te disse que estava bêbado, não lembro de nada do que aconteceu te juro.

- Isso Miguel não importa, somente me diz a verdade, por favor, não mente pra mim, tu me pediu em casamento um dia depois de ter transado com ela, por quê? Só responde droga.

- Me perdoa Cach...

- Cala a boca! – a raiva dominava todo meu corpo que tremia violentamente. – Eu não suporto ouvir sua voz, não suporto sua presença Miguel, simplesmente some da minha frente.

Minhas lagrimas desciam copiosamente pelo meu rosto, sentia meu corpo prestes a desmoronar. Quando nossos olharesse cruzaram, senti toda a dor dessa traição me invadir mais e mais profundamente. 

- Para que são essas malas Polly? – Miguel perguntou percorrendo com o olhar a desordem de roupas espalhadas.

- Isso não lhe importa mais.

- Lógico que importa – disse dando um passo a frente, parando quando por reflexo recuei. – Por favor, vamos conversar, nós podemos resolver isso juntos.

- Nada pode ser resolvido Miguel. – disse aos soluços. – Entreguei-me pra ti e tu trocou tudo por uma noite de sexo.

- Não foi assim, me deixa lhe provar, por favor.

- Confiei em ti, lhe contei minha historia, tu me teve como nunca ninguém pode me ter antes, tu não valorizou vai embora, por favor.

- Você sabe que eu não vou desistir, eu te amo e é contigo que eu quero construir um futuro, nossos sonhos, me perdoa.

- Miguel eu não quero vê-lo nunca mais.

Bati com força a porta na cara de Miguel, desmoronei no chão e dei vazão ao pranto, a dor que sentia parecia querer me consumir.

Não sei por quanto tempo fiquei deitada no chão, quando o pranto diminuiu levantei-me e fui em direção à cama, onde terminei de fazer as malas mecanicamente.

Acabado esta parte caminhei ao banheiro, onde deixei a água quente correr pelo meu corpo dolorido, enquanto tentava em vão tirar da minha mente do corpo de Miguel se misturando ao de Carol.

Pronta para sair, peguei minhas malas e minha bolsa com o notebook, percorri o quarto com o olhar para confirmar que nada foi deixado para trás, estava terminando a inspeção quando notei sobre a cama meu panda de pelúcia, o ganhei de Miguel na nossa semana de amor na praia e desde então dormia com ele.

Hesitante deixei as malas e bolsa próximas a porta e caminhei ate minha cama, pegando o panda senti as lágrimas descerem novamente por meu rosto. Abraçada ao panda pude sentir meu cheiro e o de Miguel mesclado na pelúcia e pensei com dor nas noites que dividíamos e ele ria por eu levar o panda junto, mas eu apenas dizia: “É somente para ele ficar com seu cheiro, assim não vou me sentir tão só quando tu está longe”.

Afastei a lembrança e me levantei novamente pegando minhas malas e bolsa, deixei o panda para trás, gostaria apenas de ter o poder de fazer o mesmo com o amor e a dor que sentia, antes de fechar a porta, olhei novamente para o boneco, precisava me esconder, fugir do mundo e de Miguel e dessa maldita dor que me dominava.







1 comentários:

Anderson Rodrigues disse...

Mais um capitulo maravilhosamente escrito Angel. Meus mais sinceros parabéns, post apos post a história só melhora. Só me faça um favor, não só para mim, para todos que adoram seus post. Não nos mate de tanta espectativa pelo próximo capitulo.

Amor And

Bzusss

^PAR^

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